segunda-feira, 25 de maio de 2015

Flores que brotam de latinhas de refrigerante

Durante 10 encontros, a designer Mana Bernardes esteve junto aos artesãos Carlos Bui e Marilene no atelier do grupo Bui e Arte em Pendotiba, na cidade de Niterói, através do projeto Coletivo Artes Coca-Cola. Durante quase um mês artesãos e designer estiveram em um processo criativo para a confecção de novos produtos feitos utilizando o saber e a técnica destes verdadeiros artistas do alumínio que fazem parte da Rede Asta.

Até aqui Bui sempre fez seus produtos com reaproveitamento de chapas de off set que ele conseguia em gráficas, mas com o Coletivo, a latinha de refrigerante entrou em seu atelier para não mais sair. Com este insumo e muita dedicação em conjunto, brotaram flores psicodélicas e rosas em objetos utilitários e decorativos, como porta-chaves, ganchos para bolsas, castiçais e até flores de lata decorativas.

Segundo Marilene, eles conseguiram as latinhas junto aos catadores da região. Também pediram aos amigos e familiares que guardassem suas latinhas e levassem para o atelier. Até a mãe de Marilene, de 90 anos se engajou para conseguir latinhas.


O processo da criação começa abrindo a lata retirando a tampa e o fundo. Depois, é colado o tecido 100% algodão. “Diferente da placa de off set que costumavam usar, a latinha é muito lisa e aliado ao seu formato arredondado isso dificultou a colagem do tecido”, afirma a artesã. Por isso, após a colagem do tecido é preciso que a chapa fique 24 horas numa prensa para que não descole. Daí recebe uma camada de impermeabilizante e em seguida, a chapa vai para a máquina de corte e vinco manual que já tem o molde com o desenho das flores. O próximo passo é dobrar as pétalas com alicate uma a uma para dar o volume da flor. Cada flor tem duas camadas de pétalas e o miolo.







Durante os encontros, Mana sempre instigou os artesãos a criarem o novo. E foi assim que Marilene começou a dobrar as pétalas de forma diferente, o que originou a flor que batizaram de psicodélica. Quando o produto não leva tecido, é pintado após toda a flor montada com tinta em spray. Marilene é quem cuida da confecção das flores, fazendo brotá-las a partir de latinhas reaproveitadas que poderiam hoje estar no lixo. Bui cuida mais da estrutura dos produtos e o toque feminino de sua esposa dá vida às flores.

Dependendo das condições do tempo, uma flor pintada pode demorar mais a ficar pronta em função da umidade do lugar. O atelier do grupo fica dentro da reserva da Serra da Tiririca e eles têm praticamente a floresta nos fundos de casa.


Segundo a visão da designer Mana Bernardes, Bui é um “ser do mar, meio pirata, meio homem, que entende de tanta coisa que até me perco, fala alemão fluente, adora contar dos Vikings.” Sua história começou como grande empresário até se tornar um talentoso artesão. Ele vive um amor verdadeiro com a Marilene, que durante as oficinas toda hora trazia mangas suculentas do jardim para nutrir de energia e afeto a criação.

“Nunca ensino nada, só abro espaço, faço roda, boto geral pra respirar junto e ouço a história de vida de cada um. Depois disso as coisas surgem porque elas não vem como imposição. O que me constrói é processo, mistério, coisas que acontecem quando a gente se mistura e cada um contribui com uma técnica, essas técnicas se combinam e sai uma coleção. Essas linhas geram renda e autoralidade.”, afimar Mana.


2 comentários:

  1. O COLETIVO COCA-COLA ORIENTADO POR MANA BERNARDES E EQUIPE.FOI UMA EXPERIENCIA IMPAR. DANDO OUTRA VISÃO E SENTIDO AO NOSSO TRABALHO,FICAMOS ORGULHOSOS COM O RESULTADO.
    GRUPO BUI&ARTE

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