Gilberto
era um homem que gostava muito de plantas, tanto que colecionava palmeiras em
sua casa em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Mas as palmeiras ocupavam muito
espaço e ele precisava achar um paraíso para elas. Buscou e encontrou uma terra
fértil na região do Norte Fluminense, onde viu a maior moita de Geonoma schotiana (uma
palmeira de Mata Atlântica), de sua vida. Era sua palmeira preferida! Gilberto
levou quase 4 anos pra conseguir comprar aquela parte da terra e batizou seu
pedacinho de paraíso de Reserva Botânica das Águas Claras.
Com
o tempo, foi comprando propriedades do entorno. Tentou cultivar coco, mas
precisava de muito agrotóxico, por isso não quis. Um amigo sugeriu: por que
você não planta pupunha? A pupunha é um tipo de palmeira da região Norte do
Brasil, de onde se extrai o palmito. A
dica foi ótima, pois a plantação deu muito certo. A fazenda começou a se
desenvolver e o negócio do palmito cresceu lá pelo ano de 1995. Ele então
chamou mais gente para trabalhar e deu prioridade para mulheres, pois sempre
acreditou em sua capacidade. O serviço de poda das moitas de palmito requeria
delicadeza no trato com a foice e ele queria também ajudar as mulheres e suas
famílias. A esposa, Mônica, fez questão de assinar a carteira das
trabalhadoras, coisa rara nas lavouras da região, pois a maioria contratava
temporariamente conforme a necessidade. Trabalhavam meio expediente e no resto
do tempo podiam cuidar de suas famílias. As primeiras mulheres contratadas
foram Elciléia, Maria e Almerita.
Um
dia, Gilberto veio a falecer e a fazenda ficou um pouco abandonada, sendo
necessário demitir algumas trabalhadoras. Mas sua filha, Cecília
Freitas, bióloga, resolveu assumir o negócio para não ver o sonho do pai
acabar assim tão de repente. Ela contratou novamente as três mulheres e mais
suas filhas para a roça. O cultivo do palmito voltou com força total, mas para
Cecília faltava algo. Visitando eventos, ela conheceu o pessoal super criativo da
Matéria Brasil, antes chamada Fibra Design Sustentável, que havia inventado um
compensado feito da pupunha. Pelo projeto, foram até premiados. Mas as
palmeiras de Cecília não serviam para o compensado, pois, para retirar a
madeira, era preciso deixar a pupunha crescer aproximadamente dez anos. Para o
palmito corta-se a palmeira com no máximo três anos.
Mas
Cecília queria mesmo fazer algo novo nas terras da família. Então combinou com
o pessoal da Fibra Design que iria desenvolver um produto para revestimento de
interiores similar a outro que tinham, só que em vez de usar bananeira, como o
original, usaria a pupunheira. Nesse meio tempo, Cecília uniu-se a Mônica
Castedo, fonoaudióloga e artesã com experiência em papel artesanal, que
se tornou sua sócia. Pesquisaram muito e chegaram a uma chapa de fibra de
pupunha, com acabamento impermeável e segura para o meio ambiente: o VegPlac.
Fundaram a empresa Kaapora Design. As mulheres, que antes trabalhavam na
lavoura, foram convidadas a atuar no desenvolvimento deste novo negócio,
sobretudo as mais idosas, já cansadas do sol forte na lida com a terra.
O
material como revestimento não passou no controle de qualidade das duas e nunca
foi para o mercado. Foi então que, em 2012, depois de três anos de pesquisa e
com os recursos para investimentos chegando ao fim, decidiram que tinha chegado
a hora de ganhar algum dinheiro. Organizaram uma oficina criativa junto com
suas funcionárias e criaram os primeiros produtos de decoração feitos com
VegPlac. Surgiram então as primeiras luminárias e móbiles artesanais. Nesse
movimento, perceberam que ali havia um grupo forte, que poderia crescer e gerar
renda extra para essas famílias. Foi assim que surgiu o “Mulheres da Reserva Botânica”: com as
funcionárias da Kaapora Design e suas filhas e netas se juntando ao grupo.
Organizaram o primeiro Bazar da Chácara, em Santa Teresa e foi um sucesso!
Mônica, que já conhecia a Rede Asta de outro projeto, apresentou alguns
produtos. E foi assim que passaram a fazer parte da Rede com uma luminária que
produziam.
“Temos
a oportunidade de dar continuidade ao nosso trabalho,
de
estar perto de nossas casas e trabalhar com nossas famílias.”
Elciléia
Na
época, todos os produtos do Mulheres da Reserva Botânica tinham tons naturais,
das cores das fibras utilizadas. O local de confecção do VegPlac se caracteriza
pela produção de água, logo o uso de corantes químicos não é recomendado. Os
naturais (açafrão da terra, gengibre, urucum...) não fixavam bem, ficando
rapidamente desbotados. Foi aí que a Rede Asta fez toda a diferença na vida
destas mulheres artesãs. Um dia, pediram alguns tecidos doados por confecções à
Rede Asta, para criar um processo que desse cores às luminárias. Cecília afirma que os produtos
ganharam nova vida e se tornaram objeto de desejo de muita gente. A translucidez
das fibras, aliada à cor das estampas sob o efeito da luz, cria objetos vivos.
Cada luminária ganhou uma personalidade e uma poesia próprias. Passaram a fazer
enorme sucesso em feiras, eventos e também nos canais de venda da Rede Asta.
Segundo as “Mulheres”, o ganho estético com a chegada da Rede Asta foi
primordial a partir da aplicação da cor dos tecidos nos produtos.
O
grupo Mulheres da Reserva Botânica cresceu, ganhou em produtividade e mercado.
Buscaram adequação da instalação elétrica junto ao INMETRO, melhoraram as
caixas de transporte dos produtos, aprimoraram os insumos e ganharam em
profissionalismo.
Hoje
a produção é de até 60 chapas de VegPlac por dia com uma face em cor. A
produção é toda artesanal durando até quatro dias para se obter a chapa.
Primeiro criam a massa com os resíduos da pupunha, depois secam, esticam na
prensa e em seguida dão o acabamento impermeável, juntamente com a estampa ou
fibras aplicadas. Todo o processo é de baixo impacto ambiental.
Parabéns ao Sr.Gilberto, por ter iniciado este Lindo Projeto, que ajuda atualmente muitas famílias.
ResponderExcluirParabéns, também a sua filha, Cecília Freitas, bióloga, por ter dado continuidade a este Útil, Humanitário, trabalho de seu pai, Sr. Gilberto.
Deus os Abençõe !!!!
Abraços
Trabalho lindo e super importante!
ResponderExcluirTenho e recomendo as luminárias!
Sucesso para as Mulheres!
Superobrigada, Beth!
ExcluirSuperobrigada, Beth!
ExcluirParabéns pelo artigo!
ResponderExcluirConteúdo muito bom e de fácil entendimento!
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Parabéns pelo artigo!
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