sexta-feira, 28 de novembro de 2014

As externalidades e o Desenvolvimento Social

Ao comprar um produto você já parou para se perguntar onde e como ele foi feito? As externalidades acontecem porque apenas uma pequena minoria no mundo se faz essa pergunta todos os dias antes de consumir alguma coisa. Se você morasse ao lado de uma fábrica de utensílios na China que liberasse gases poluentes na atmosfera todos os dias e esgoto no rio que passa em frente a sua casa você compraria os potes plásticos dessa fábrica?

“Quanto maior a distância entre produtores e consumidores, menor é a percepção destes sobre as externalidades negativas geradas.” Diz Inaiê Takaes, pesquisadora do programa de política e economia ambiental do GVces.

Muito tem se discutido atualmente sobre as tais externalidades, mas o que afinal são elas? Quando se fabrica soja em larga escala, por exemplo, não está embutido no preço que pagamos os gastos extremos dos nutrientes do solo, as grandes quantidades de água que ela consome, muito menos o efeito que tem sobre os pequenos produtores. Pesquisas mostram que custa o dobro do produto interno bruto mundial tudo que a natureza oferece sem cobrar para a economia, em torno de U$ 124 trilhões por ano!

Pesquisas feitas mostram que um hambúrguer custaria nos EUA U$ 4,8 se incluísse o custos das externalidades contra os U$2,3 da média de hoje. Completam afirmando que a transição para uma economia de internalização passaria por um período de aumento de preços que seria compensado no longo prazo com os impactos positivos na sociedade e no meio ambiente.

Aí vem a próxima pergunta, o que tem o desenvolvimento social a ver com as externalidades negativas? Tudo.

Vamos voltar nosso olhar ao capital privado que hoje domina a grande maioria das atividades econômicas realizadas. Tudo se resume à compra e venda de bens e serviços e no capitalismo, vence o mais competitivo, aquele que chega no mercado com o melhor custo beneficio e gera o maior lucro para quem vende (não necessariamente para o produtor). Só que para que isso aconteça muitas vezes não é possível incluir nos custos as externalidades, como por exemplo, salário digno, capacitação dos fornecedores, parcerias de longo prazo para empoderar os participantes da cadeia de valor, impactos ambientais da produção, dentre outros.

No final das contas já dá pra perceber o que eu e você – consumidores - e as empresas temos a ver com as externalidades. Enquanto nós, os CLIENTES, não pararmos para nos perguntar sobre a origem das coisas que compramos e passarmos a tomar decisões mais conscientes na hora de consumir, vamos continuar estimulando a geração das externalidades. Se não começarmos a querer mudar as coisas pelo nosso simples ato de consumir, todas as outras tentativas de mudar o mundo serão apenas paliativas.

Alice Freitas
Diretora Executiva da Rede Asta


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